11 mortos e 10 críticos por ingestão de cochoco contaminado por metanol em Barranquilla

Uma tragédia silenciosa acabou de chocar Barranquilla: 11 pessoas morreram e outras 10 permanecem em estado crítico depois de consumir um lote de cochoco, bebida alcoólica caseira adulterada com metanol. A emergência foi acionada na manhã de 26 de setembro, quando um homem inconsciente foi encontrado nas ruas do bairro Boliche; a partir daí, uma cadeia de atendimentos médicos revelou a extensão da crise.

Contexto social e consumo de álcool barato

O Barranquilla tem visto o crescimento de um mercado informal de bebidas alcoólicas, principalmente entre populações vulneráveis que não podem arcar com o preço dos licores regulamentados. O cochoco costuma ser vendido em garrafas plásticas reutilizadas por cerca de 50 centavos de peso, atrativo para quem vive nas ruas ou em situação de pobreza extrema.

O surto de envenenamento por metanol

Segundo o Agustín Guerrero, toxicologista do Hospital Geral de Barranquilla, os pacientes chegaram ao pronto-socorro em condições alarmantes. "O primeiro chegou praticamente sem sinais vitais e, apesar dos esforços de ressuscitação, faleceu", relatou Guerrero, que lidera a resposta médica da crise.

Os sintomas de intoxicação por metanol variam: nos primeiros 30 a 120 minutos, a pessoa pode apresentar sonolência e confusão, parecendo apenas uma embriaguez leve. Entre 6 e 30 horas, surgem náuseas, vômitos, dores abdominais intensas e diarreia. O ponto crítico ocorre por volta das 24 horas, quando alterações visuais — como visão embaçada ou cegueira parcial — podem se manifestar, exigindo intervenção imediata.

Investigações policiais e condições de produção

A Polícia de Barranquilla já começou a mapear a origem do lote contaminado. Segundo relatos preliminares, a produção ocorreu em um galpão improvisado, sem nenhum controle sanitário, onde o próprio fabricante acabou consumindo a própria bebida antes de ser identificado. "Trata‑se de um cenário deplorável", declarou o delegado responsável, que prefere não revelar nomes para não comprometer a investigação.

Até o momento, 23 frascos de cochoco foram apreendidos nas áreas próximas ao bairro Boliche, e equipes de inspeção sanitária percorreram diferentes regiões da cidade para recolher qualquer recipiente suspeito.

Reação da comunidade e dos familiares

Ever Carabello, sobrinho de uma das vítimas, desabafou emocionado: "Meu tio tomava cochoco todo dia. Nunca pensamos que isso poderia acabar assim". O luto se mistura à indignação, pois muitas famílias dependem desse tipo de álcool barato para enfrentar a dura realidade das ruas.

Organizações não governamentais que atuam na assistência a pessoas em situação de rua têm pedido ao poder público a criação de programas de substituição de álcool, oferecendo opções seguras e apoio psicológico.

Impacto na saúde pública e medidas preventivas

Este incidente pode ser o maior surto de intoxicação por metanol registrado na história recente da Colômbia. Ele levanta questões sobre a vulnerabilidade de populações que recorrem ao mercado informal e evidencia a necessidade de políticas de redução de danos.

• 11 óbitos confirmados até o momento.
• 10 pacientes em estado crítico na UTI do Hospital Geral de Barranquilla.
• Preço médio do cochoco: R$ 0,50 por garrafa de 500 ml.
• Primeiros sintomas aparecem em até 2 horas; complicações graves podem surgir após 24 horas.
• Polícia já apreendeu 23 frascos e segue investigando pontos de venda.

Próximos passos e o que observar

Autoridades de saúde indicam que o acompanhamento dos pacientes críticos continuará por pelo menos 48 horas, com monitoramento de níveis de ácido fórmico no sangue, principal metabólito tóxico do metanol. Enquanto isso, a polícia mantém patrulhas nos bairros de maior vulnerabilidade e orienta a população a não consumir bebidas de procedência duvidosa.

Especialistas alertam que, caso novos casos apareçam, a rapidez no diagnóstico é crucial para evitar sequelas irreversíveis, como perda de visão ou danos neurológicos permanentes.

Perguntas Frequentes

Como a intoxicação por metanol afeta o corpo humano?

O metanol é metabolizado em ácido fórmico, que pode causar acidose metabólica, lesões na retina e, em doses elevadas, insuficiência renal. Os sintomas variam de sonolência leve nos primeiros minutos até cegueira e falência de órgãos após 24‑48 horas.

Quem são as principais vítimas desse surto?

A maioria das vítimas são moradores de rua ou famílias de baixa renda que consomem álcool barato vendido em garrafas plásticas. A falta de alternativas acessíveis os expõe a esse tipo de risco.

O que as autoridades estão fazendo para evitar novos casos?

A Polícia de Barranquilla está realizando buscas e apreensões de lotes suspeitos, enquanto equipes de vigilância sanitária inspecionam pontos de venda. O Hospital Geral de Barranquilla também está preparado para atender novos pacientes.

Quais medidas podem ser tomadas pelos consumidores para se proteger?

Evitar bebidas vendidas em recipientes reutilizados e de procedência desconhecida. Caso haja suspeita de intoxicação, procurar ajuda médica imediatamente, mesmo que os sintomas pareçam leves.

Qual a expectativa de recuperação dos pacientes críticos?

A recuperação depende da rapidez do tratamento e da quantidade de metanol ingerida. Alguns pacientes podem superar o choque inicial, mas correm risco de sequelas permanentes, como perda de visão ou danos neurológicos.