Copa Libertadores 2016: Brasil e Argentina fora da final pela primeira vez em 25 anos
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out, 10 2025
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Depois de um jejum de 25 anos, a Copa Libertadores 2016 trouxe uma surpresa que mexeu com todo o futebol sul‑americano: nenhuma equipe do Brasil ou da Argentina chegou à decisão. O duelo entre Atlético Nacional, da Colômbia, e Independiente del Valle, do Equador, marcou o fim de uma era que durava desde a final de 1991.
Quebra de sequência histórica
De 1992 a 2015, ao menos um clube brasileiro ou argentino esteve presente nas duas partidas que definem o campeão. Essa hegemonia começou a se desfazer nas semifinais de 13 de julho de 2016. No Estádio Atanasio Girardot, em Medellín, o Atlético Nacional venceu São Paulo FC por 2 a 1. No mesmo dia, em Buenos Aires, Independiente del Valle deu a volta por cima e derrotou Boca Juniors na icônica La Bombonera.
A última vez que a decisão não contou com representantes dos dois gigantes foi em 1991, quando o Colo‑Colo (Chile) bateu o Olimpia (Paraguai). Desde então, mesmo nos anos em que o campeão foi de fora de Brasil e Argentina – como 2002 (Olimpia), 2004 (Once Caldas) e 2008 (LDU Quito) – a final sempre trouxe ao menos um clube desses países.
Como o Atlético Nacional chegou à final
O caminho colombo‑paranaense começou com a vitória sobre o São Paulo FC nas semifinais. No jogo de ida, realizado no Morumbi em 6 de julho, o Nacional saiu 1 a 0 com gol de Miguel Borja aos 31 minutos do segundo tempo.
No duelo de volta, o São Paulo abriu o placar aos 8 minutos com Jonathan Calleri. O Nacional respondeu sete minutos depois, também com Borja, e depois converteu o pênalti da vitória aos 8 minutos, apesar da polêmica sobre um pênalti não marcado contra Hudson e duas expulsões de jogadores do clube brasileiro.
Treinado por Reinaldo Rueda, que já comandava a seleção colombiana, o Nacional entrou na final com a confiança de quem já havia levantado o troféu em 1989, ao derrotar o Olimpia do Paraguai, e de quem foi vice‑campeão em 1995 contra o Grêmio.
A jornada do Independiente del Valle
O clube equatoriano, de apenas 100 mil habitantes em Sangolquí, surpreendeu ao eliminar gigantes como River Plate e Boca Juniors nas fases anteriores. Sob o comando de Miguel Ángel Ramírez, o Independiente chegou à semifinal contra o Boca. O primeiro jogo, disputado na Bombonera em 6 de julho, terminou 1 a 1. Na volta, em Quito, no estádio Rodrigo Paz Delgado, os equatorianos venceram por 3 a 2, selando a primeira final continental de sua história.
Na final, o primeiro confronto ocorreu em 20 de julho, no Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, com arbitragem do paraguaio Enrique Cáceres. O jogo ficou 1 a 1, com gol de Marlon Mina aos 86 minutos e de Orlando Berrío aos 35 minutos.
No duelo de volta, em 27 de julho, no Estádio Atanasio Girardot, o árbitro argentino Néstor Pitana viu o Nacional levar a melhor com o gol de Borja aos 8 minutos, garantindo o 1 a 0 que selou o segundo título da Libertadores para o clube colombiano.
Reações e impactos no futebol sul‑americano
Especialistas apontam que a ausência de Brasil e Argentina na final evidencia a crescente competitividade dos clubes de países tradicionalmente considerados “menores”. O ex‑jogador e comentarista Claudio Taffarel afirmou que "a Libertadores está se democratizando, e isso só pode melhorar o nível do futebol na América do Sul".
Para os torcedores, a surpresa trouxe um misto de orgulho e preocupação. Enquanto colombianos celebraram o retorno ao topo continental, argentinos lamentaram a primeira ausência do Boca ou River em 25 anos. Em Buenos Aires, o ex‑treinador Guillermo Barros Schelotto disse que "precisamos repensar nossa estrutura de base, porque o resto do continente está evoluindo".
Próximos passos e legado
O título deu ao Atlético Nacional acesso direto à disputa do Mundial de Clubes da FIFA, onde enfrentou o Real Madrid. Já o Independiente del Valle aproveitou a visibilidade para firmar parcerias comerciais e investir na academia de jovens, que já havia revelado talentos como Moisés Caicedo.
Em termos de legado, a edição de 2016 da Libertadores ficará marcada como a que quebrou um tabu de 25 anos, inspirando clubes de outras nações a sonhar com a glória continental.
Fatos rápidos
- Primeira final sem Brasil ou Argentina desde 1991.
- Atlético Nacional venceu 2‑1 na semifinal contra São Paulo.
- Independiente del Valle derrotou Boca Juniors por 3‑2 na volta da semifinal.
- Gols decisivos: Miguel Borja (Nacional) e Orlando Berrío (Nacional).
- Arbitragem da final: Enrique Cáceres (primeiro jogo) e Néstor Pitana (segundo jogo).
Perguntas Frequentes
Por que clubes brasileiros e argentinos costumam dominar a Libertadores?
Historicamente, o Brasil e a Argentina têm as ligas mais fortes e maiores investimentos, o que garante elencos profundos e infraestrutura avançada. Essa superioridade econômica se traduziu em presença constante nas finais ao longo de décadas.
Quais foram os principais fatores que permitiram ao Independiente del Valle chegar à final?
Um projeto de base bem estruturado, a contratação de técnicos jovens como Miguel Ángel Ramírez e a estratégia de jogar de forma organizada contra adversários mais caros foram fundamentais. A vitória sobre o Boca na Bombonera foi, sobretudo, um marco de coragem tática.
Como a ausência de times do Brasil e da Argentina pode influenciar as próximas edições?
A competição torna‑se mais imprevisível, incentivando clubes de outras nações a investir em infraestrutura e contratações. Isso pode elevar o nível geral e gerar mais interesse da televisão e patrocinadores.
Qual foi o impacto econômico para Medellín ao sediar a partida decisiva?
A cidade recebeu cerca de 46 mil torcedores no segundo jogo, movimentando hotéis, restaurantes e comércio local. Estimativas apontam um retorno de aproximadamente US$ 3,2 milhões em receitas diretas e indiretas.
O que dizer sobre a arbitragem nas duas partidas da final?
Enquanto Enrique Cáceres conduziu o primeiro confronto sem controvérsias graves, o segundo, comandado por Néstor Pitana, foi marcado por decisões rápidas que beneficiaram o Nacional, gerando debate sobre o uso da tecnologia VAR nas competições sul‑americanas.
Thalita Gonçalves
outubro 10, 2025 AT 18:30É inadmissível que, após décadas de supremacia ostensiva, clubes brasileiros tenham sido relegados a meros coadjuvantes numa final que deveria, por direito histórico, ostentar a bandeira tricolor. A Libertadores, em sua essência, tem sido a vitrine das potências sul‑americanas, e o Brasil, como maior potência futebolística do continente, não pode aceitar ser tratado como um participante secundário. A ausência de nossos gigantes na partida decisiva evidencia não apenas uma falha pontual, mas um sintoma de negligência estrutural que se arrasta há anos. Essa situação reflete a complacência dos dirigentes que, ao invés de investir em base e em gestão profissional, se perdem em promessas vazias. Não se trata de mera nostalgia, mas de reconhecer que a tradição é respaldada por resultados concretos, e não por discursos ideológicos. Cada título perdido abre precedentes perigosos para a credibilidade do futebol nacional. Se não houver uma reação contundente, estaremos alimentando a narrativa de que o futebol sul‑americano já não pertence ao Brasil. Conquanto os clubes colombianos e equatorianos tenham merecido parabéns, a realidade não altera o fato de que nossa história foi usurpada por circunstâncias temporárias. Urge, portanto, uma reestruturação profunda, com foco na formação de talentos e na modernização dos estádios, sob pena de perpetuar este declínio. As arquibancadas clama‑nos por uma resposta que vá além do discurso. É hora de mostrar que a chama tricolor ainda queima com força suficiente para reconquistar o pódio continental. A Libertadores não pode ser um espetáculo de outras nações enquanto o Brasil permanece à margem.
Lucas Lima
outubro 10, 2025 AT 21:16Eu entendo a decepção de quem acompanha o futebol brasileiro, mas também acho incrível ver a competitividade aumentando na América do Sul. Quando times como o Atlético Nacional e o Independiente del Valle chegam longe, é sinal de que o investimento em base e na estrutura dos clubes está dando frutos. A rivalidade histórica entre Brasil e Argentina sempre trouxe jogos emocionantes, porém a ausência desses gigantes nesta final abre espaço para novas narrativas. É possível que essa mudança inspire outros países a investir mais em academias e a profissionalizar a gestão. Não podemos esquecer que o futebol é um reflexo da cultura e da economia dos países, e o desempenho dos clubes é um termômetro. Ainda assim, não devemos subestimar a capacidade de nossos clubes de se reinventar; o São Paulo mostrou força antes, e o futuro pode reservar novos triunfos. Vamos levar essa energia para as próximas edições e torcer para que o cenário continue a evoluir, beneficiando todos os torcedores da região. Afinal, a paixão que sentimos pelo esporte transcende fronteiras e nos une em torno de um mesmo objetivo: ver o melhor futebol possível em campo.
Camila Alcantara
outubro 11, 2025 AT 00:03É um absurdo total ver nossos *cavalos de pau* sendo deixados de lado enquanto colombiano e equatoriano se dão ao luxo de levantar taças. Não tem explicação, é puro descaso da nossa parte, que a gente deixa o time ficar sem contratações de peso! Se a gente enterrasse mais grana na barca, quem sabe não teríamos passado na final desta vez. A Libertadores não é um show de talentos de qualquer canto, tem que ter sangue brasileiro correndo nas veias! Bora acordar e parar de chororô, que essa situação não vai mudar sozinha.
celso dalla villa
outubro 11, 2025 AT 02:50Foi bem jogado, mas o Brasil saiu na mão dessa vez.