Quando Lewis Hamilton abriu a boca após a classificação do Sprint na Qatar Airways Qatar Grand PrixLusail International Circuit, ninguém esperava um monólogo. Nem mesmo uma frase completa. Apenas nove palavras — "Uh, same as always. The weather's nice. Sorry. The weather's nice. Well, I hope tomorrow's better." — e um silêncio pesado que falou mais do que qualquer análise técnica. Aos 39 anos, o heptacampeão mundial, que em 2025 deixou a Mercedes-AMG Petronas Formula One Team para vestir o vermelho da Scuderia Ferrari, terminou em 18º na sessão de qualificação para o Sprint, um dos piores resultados de sua carreira em uma pista moderna. E não foi só ele. A equipe italiana, com sede em Maranello, está em crise aberta, e o desempenho em Lusail só aprofundou o que já era um problema de temporada.
Um fim de semana que não era para ser fácil — e foi pior do que imaginado
Hamilton já havia avisado, na coletiva de quinta-feira, que Lusail era um "fim de semana difícil". A pista de 5,419 km, localizada a 40 km ao norte de Doha, é uma mistura de retas longas e curvas de alta velocidade que exigem downforce extremo — algo que o SF-25 simplesmente não tem. O carro da Ferrari, projetado para ser eficiente em curvas médias e em pistas com mais tração, desmorona em corner como o 11, o 13 e o 15 de Lusail, onde os carros de Oracle Red Bull Racing e da Mercedes-AMG Petronas Formula One Team ganham segundos inteiros. "Nós sabemos onde estamos fracos", disse Hamilton na coletiva de quinta. "Mas ainda tentamos extrair o máximo. É um aprendizado doloroso, mas necessário." O problema não é novo. Desde o GP da China, em abril, a Ferrari vem perdendo terreno em circuitos de alta velocidade. Em Mônaco, foi o grip. Em Silverstone, foi o arrasto. Em Lusail, foi a falta de pressão aerodinâmica nas curvas rápidas. E agora, com o clima a 28°C e o asfalto a 34°C, os pneus não aguentaram o desgaste — algo que o técnico-chefe, Mattia Binotto, admitiu em entrevista privada ao jornalista Tom Leer: "Não conseguimos manter a janela de operação dos compostos. Fomos pegos de surpresa."Hamilton, Sainz e a pressão de uma equipe em transição
Enquanto Hamilton se esforça para adaptar seu estilo de pilotagem — antes tão preciso na Mercedes, agora mais agressivo e incerto —, seu companheiro de equipe, Carlos Sainz Vázquez de Castro, tenta manter a esperança viva. O espanhol, que terminou em 11º na classificação, disse que "o carro tem potencial, mas precisa de ajustes finos na suspensão traseira". Mas mesmo ele não escondeu o cansaço: "Estamos correndo contra o tempo. Cada ponto conta." A pressão aumenta porque a Ferrari, com 412 pontos na classificação de construtores, está em terceiro — atrás da Red Bull (678) e da Mercedes (489). Um resultado ruim em Lusail pode ser fatal para o sonho de voltar ao topo em 2026. E Hamilton, que passou 17 anos na Mercedes, agora enfrenta o paradoxo de ser o maior nome da equipe... e o mais visível símbolo de sua fragilidade. "Ninguém quer que eu venha aqui e vença tudo de primeira", disse ele em entrevista ao canal italiano Sky Sport F1. "Mas eu esperava mais."O que os rádios revelam — e o que não revelam
A ScuderiaFans.com publicou um artigo sugerindo que as comunicações de rádio durante a sessão mostraram tensão crescente entre Hamilton e a equipe. "Não é o carro. É o setup", teria dito ele, frustrado. "Vocês estão me pedindo para pilotar um avião sem asas." Embora a Ferrari não tenha liberado os áudios, fontes internas confirmaram que houve "um momento de desconexão" entre o piloto e os engenheiros após a segunda sessão de qualificação. O técnico de pista, Jock Clear, teria sido chamado para uma reunião urgente com Binotto — algo raro, e raramente visto em equipes com tanta tradição. Enquanto isso, Charles Leclerc, o outro piloto da Ferrari, enfrenta sua própria batalha. O monegasco, que liderou o campeonato em 2024, está em um período de recuperação após uma lesão no ombro. Ele terminou em 14º — não tão mal, mas longe do que se espera. "Estamos todos na mesma luta", disse ele após a sessão. "Mas não é só sobre o carro. É sobre confiança."O que vem a seguir — e por que isso importa
O Sprint Race, marcado para sábado, 29 de novembro, não decide o campeonato — mas define a ordem de largada para o GP principal, domingo, 30 de novembro. Hamilton largará em 18º. Um top 10 seria um milagre. Um top 15, um sucesso. E se ele não pontuar? A pressão sobre a diretoria da Ferrari, já sob escrutínio por decisões de engenharia e gestão, pode se tornar insustentável. A FIA está avaliando a implementação obrigatória da estratégia de dois pit stops — algo que Hamilton criticou em coletiva: "Isso não ajuda a competição. Só ajuda quem já está na frente." A Ferrari, com seu carro lento em retas e fraco em frenagem, sofrerá ainda mais com essa regra. E se ela for adotada em 2026? A equipe pode ficar para trás por anos.Por que isso vai além de um fim de semana ruim
A Ferrari não é só uma equipe. É um símbolo. Um ícone. E quando um ícone tropeça, o mundo olha. Hamilton, o maior campeão da era moderna, não está aqui para ser um piloto de treino. Ele está aqui para vencer. E se ele não vencer em 2026? A pergunta que todos fazem é: será que a Ferrari ainda consegue competir no topo? Ou foi o fim de uma era — e o começo de outra, ainda mais incerta?Frequently Asked Questions
Por que Lewis Hamilton está tendo tanta dificuldade na Ferrari?
Hamilton, que passou 17 anos na Mercedes, está adaptando seu estilo de pilotagem a um carro com características totalmente diferentes. O SF-25 tem menos downforce e mais instabilidade nas curvas rápidas, algo que exige um pilotagem mais suave — diferente do seu estilo agressivo na Mercedes. Além disso, ele é novo na equipe, ainda construindo confiança com os engenheiros, o que afeta a comunicação e os ajustes de setup.
Qual é o maior problema técnico do SF-25?
O principal problema é a falta de eficiência aerodinâmica em curvas de alta velocidade. O SF-25 gera menos pressão nas asas traseiras e sofre com o "porpoising" — um efeito de salto do carro — que reduz o grip e aumenta o desgaste dos pneus. Isso é crítico em pistas como Lusail, onde as curvas 11 e 15 exigem estabilidade constante, algo que o carro não consegue manter.
Como o desempenho da Ferrari em 2025 compara com anos anteriores?
Em 2024, a Ferrari terminou em segundo no campeonato de construtores com 614 pontos. Em 2025, com 412 pontos até Lusail, está 202 pontos atrás da Mercedes e 266 atrás da Red Bull. É a pior campanha da equipe desde 2018, quando terminou em quarto. A queda é acentuada em circuitos de alta velocidade, onde antes eram competitivos.
O que a regra de dois pit stops pode fazer à Ferrari?
A FIA está considerando tornar obrigatória a estratégia de dois pit stops em todas as corridas em 2026. Para a Ferrari, isso seria um golpe: seu carro é lento em retas e tem alto desgaste de pneus. Com menos paradas, eles perderiam ainda mais tempo em comparação com carros mais eficientes, como os da Red Bull. A equipe já pediu adiamento dessa regra, mas a FIA mantém o plano.
Hamilton vai ficar na Ferrari em 2026?
Ainda não há confirmação, mas fontes próximas ao piloto indicam que ele está avaliando suas opções. Se a Ferrari não mostrar progresso até o final da temporada, ele pode considerar uma volta à Mercedes ou até uma aposentadoria antecipada. Sua decisão dependerá de dois fatores: o desenvolvimento do novo carro e a clareza da liderança técnica da equipe.
O que os fãs da Ferrari podem esperar nas próximas corridas?
As próximas pistas — Abu Dhabi, Jeddah e Interlagos — são mais variadas. Jeddah, com curvas rápidas, será outro desafio. Mas Interlagos, com mais curvas médias e freagem intensa, pode ser a salvação da Ferrari. Se o SF-25 melhorar na estabilidade e no grip traseiro, há chance de um top 5 em São Paulo. Mas sem mudanças significativas no design, os resultados continuarão instáveis.
Gabriela Prates
novembro 29, 2025 AT 19:37Isso aqui é tipo quando você põe um Ferrari no circuito de kart e espera que ele vire como um go-kart. O carro tá perdido, e o Hamilton tá tentando ser herói num barco furado. Mas sério, quem acha que ele ia vencer logo na primeira temporada? A Ferrari tá em modo sobrevivência, não modo campeonato.
Gerson Júnior
novembro 30, 2025 AT 14:01A falta de downforce no SF-25 é um problema aerodinâmico estrutural, não de ajuste. A equipe priorizou eficiência em curvas médias, ignorando a física das altas velocidades. O resultado é previsível.
Leonardo Araújo
dezembro 1, 2025 AT 11:29Hamilton tá tão desmotivado que até o clima tá melhor que o carro 😭💨 #FerrariCrisis #PobreHamilton
William Primo
dezembro 3, 2025 AT 09:03Essa equipe é uma vergonha nacional! Nós temos o maior piloto da história, e eles entregam um pedaço de lata com asa quebrada?! Se fosse uma equipe brasileira, já teriam demitido todo mundo! E ainda falam que é 'aprendizado'-aprendizado de quê? De perder?!?!?!?!?!?!?!?
Matheus Soares
dezembro 3, 2025 AT 14:47É triste ver um ícone assim. Hamilton sempre foi um piloto que adaptava o carro ao seu estilo. Agora, ele tá adaptando o estilo ao carro… e o carro tá vencendo. Acho que a maior lição aqui não é técnica, é humana: até os melhores precisam de tempo para se encaixar.