Metanol nas praias do Rio: 401 garrafas apreendidas, nenhum caso
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out, 5 2025
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Quando a Rio de Janeiro viu a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) e a Guarda Municipal do Rio de Janeiro apreenderem 401 garrafas de bebidas destiladas nas praias, a preocupação com o metanol se espalhou como fogo em palha seca. A operação, coordenada ainda pela Coordenação de Controle Urbano (CCU), foi desencadeada após alertas do Ministério da Saúde e o relato de um caso suspeito em Niterói, município vizinho. Enquanto isso, vendedores como Fábio de Souza e consumidoras como Thaís Flores se viram no meio de uma onda de desconfiança que ainda não tem nenhum caso confirmado de intoxicação no estado.
Contexto da suspeita de metanol no Brasil
Nos últimos meses, o país tem registrado um aumento de notificações de possível contaminação por metanol em bebidas alcoólicas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), até 5 de outubro de 2025 havia 195 notificações, das quais 14 foram confirmadas – todas no estado de São Paulo. O Ministério da Saúde, por sua vez, elevou o nível de alerta nacional e recomendou que todos os 92 municípios fluminenses reforçassem a vigilância.
O medo surge porque o metanol, ao ser ingerido, pode causar cegueira permanente ou até óbito. Diferente do etanol, ele é praticamente indetectável pelo paladar ou olfato, o que dificulta a identificação por consumidores e vendedores.
Operação de fiscalização nas praias cariocas
Entre 3 e 5 de outubro, a SEOP, em conjunto com a Guarda Municipal, realizou 190 inspeções nos quiosques de areia e na orla de Ipanema, Copacabana, Leme e outros pontos. Foram aplicadas 31 multas a vendedores sem licenciamento e confiscados 401 frascos de cachaça, cerveja artesanal e destilados de procedência duvidosa.
Além das garrafas, a CCU apreendeu centenas de mesas, cadeiras, churrasqueiras, geladeiras portáteis e carrinhos que, segundo os fiscais, eram usados para comercializar bebida de forma informal. Em números, mais de 1.000 agentes participaram da "Operação Verão", que também incluiu controle de trânsito e patrulhamento preventivo nas áreas de grande concentração turística.
- 401 garrafas apreendidas;
- 190 inspeções realizadas;
- 31 multas aplicadas a vendedores irregulares;
- Mais de 150 multas a quiosques legalizados por descumprimento de normas sanitárias.
Reações dos comerciantes e consumidores
Para o dono de um dos quiosques mais movimentados da orla, Fábio de Souza, de 44 anos, a situação virou um pesadelo comercial. "Quatro clientes já me perguntaram sobre o metanol", contou, ao mesmo tempo que passou a oferecer degustações de pequenas doses – um gesto para mostrar que o produto era “puro”. Porém, ele admitiu que nem ele sabe se o álcool está livre de contaminantes, já que o metanol não tem cheiro.
Do outro lado, Thaís Flores, dentista de 28 anos, revelou que evitou o consumo de cerveja nas barracas e acabou optando por caipivodka comprada em um estabelecimento fechado. “Eu não gosto muito de cerveja, mas depois das notícias todo mundo fica receoso”, explicou, acrescentando que o medo acabou reduzindo o fluxo de clientes em cerca de 30% nas praias mais movimentadas.
Análise das autoridades de saúde
O secretário da Saúde do Rio, Dr. Marcelo Pereira, destacou que, apesar da corrente de rumores nas redes sociais, não há nenhum caso confirmado de intoxicação por metanol no estado. "Até o momento, nossos hospitais não registraram nenhum diagnóstico compatível", afirmou. Ele ainda ressaltou que o caso suspeito em Niterói está sob investigação laboratorial e que, se confirmado, seguirá protocolo de notificação imediata ao Ministério da Saúde.
Já a coordenadora da Sala de Situação, criada em 3 de outubro, enfatizou que as mensagens que circulam nas redes – relatos de pessoas que supostamente ficaram cegas após consumir bebida em Baixo Gávea – não foram verificadas. "Nenhum dos reclamantes conseguiu ser localizado ou apresentar atestado médico", disse.

Impactos econômicos e sociais
A apreensão massiva e o clima de desconfiança têm reflexos diretos no comércio informal. Estimativas da SEOP apontam que o faturamento diário dos quiosques pode ter caído entre R$ 120 mil e R$ 180 mil nas últimas 48 horas. Por outro lado, estabelecimentos licenciados relatam um aumento de 12% nas vendas de bebidas engarrafadas entregues em garrafões fechados.
Do ponto de vista social, o medo afeta turistas estrangeiros que, segundo a Secretaria de Turismo, fizeram reclamações sobre a falta de opções seguras para se hidratar durante o verão. Esse cenário pressiona o poder público a acelerar a regularização dos vendedores ambulantes.
Próximos passos e recomendações
As autoridades pretendem ampliar as fiscalizações para os bairros da zona norte e oeste, onde o comércio informal também é intenso. A SEOP anunciou que, a partir de 15 de outubro, fará blitz semanais para garantir a origem dos licores vendidos nas praias.
Especialistas em toxicologia recomendam que consumidores verifiquem sempre o selo de aprovação da Anvisa, evitem compras em barracas sem licença e, em caso de sintomas como dor de cabeça intensa, náuseas ou visão turva após ingestão, procurem imediatamente um serviço de saúde.
Perguntas Frequentes
Qual é o risco real de intoxicação por metanol nas praias do Rio?
Até o momento não há casos confirmados no estado. O risco permanece teórico, mas a possibilidade de adulteração em bebidas vendidas informalmente leva as autoridades a manter fiscalizações rigorosas.
O que motivou a operação de 401 garrafas apreendidas?
Alertas do Ministério da Saúde e a divulgação de um caso suspeito em Niterói impulsionaram a SEOP a intensificar inspeções nas áreas de grande fluxo turístico, visando evitar um possível surto.
Como identificar se uma bebida está contaminada?
Não há cheiro ou sabor que indique a presença de metanol. O único caminho seguro é adquirir álcool com selo da Anvisa e de estabelecimentos licenciados.
Qual foi o impacto econômico da operação nos comerciantes?
Vendedores informais relataram queda de até 30% no movimento e perda de receita diária estimada em R$ 150 mil. Por outro lado, bares e restaurantes licenciados observaram aumento nas vendas de bebidas engarrafadas.
O que as autoridades pretendem fazer nos próximos dias?
A SEOP pretende ampliar as fiscalizações para outros bairros, manter a Sala de Situação ativa e continuar monitorando laboratorialmente o caso suspeito de Niterói, além de divulgar orientações de consumo seguro para a população.
Adriano Soares
outubro 5, 2025 AT 23:58É muito preocupante ver essa situação nas praias, mas é bom que as autoridades estejam atuando.
Vamos ficar de olho nas próximas fiscalizações.